São Paulo – A confiança na retomada da produção da indústria automotiva é alta, mas os financiamentos para o setor são o desafio para o próximo ano, disse Fernando Machado Gonçalves, superintendente de Pesquisa Econômica do Banco Itaú, que traçou panorama global na tarde da terça-feira, 19, durante exibição on line do Congresso AutoData Perspectivas 2022.
Ele acredita que temos, hoje, uma demanda reprimida, com estoques baixos, causada pela crise dos semicondutores, que deve começar a se estabilizar em 2022. Isso deixa alta a confiança no setor. No entanto teme que o aumento dos juros esperados para o ano que vem possa espantar o comprador: “Há uma preocupação com o endividamento do consumidor, que ainda não atingiu seu comportamento de compra porque os juros estão baixos. Não há um cenário positivo para tíquetes elevados, como financiamentos de veículos, para o ano que vem. O receio é que quando houver capacidade de produção a demanda esteja mais fraca”.
Projeções econômicas do Itaú apresentadas por Gonçalves estipulam um crescimento de 0,5% no PIB em 2022 ante 5% em 2021. Os dados também traçam uma taxa Selic de até 9%. Gonçalves admite que há muita cautela nas suas projeções, mas acredita que mesmo os mais otimistas não esperam um cenário muito bom em 2022: “Falo em 0,5% de crescimento no ano. Torço para estar errado. Essa projeção é menor que a mediana do mercado, mas destaco que crescimento de 1,5% também não é animador”.
Para ele outro problema que o Brasil deve enfrentar em 2022 é a manutenção da alta taxa de desemprego: “A alta de juros desacelerar a inflação, mas o PIB também”. Com relação ao ano eleitoral Gonçalves observou que é uma questão não pode ser deixada de lado pois “qualquer um que for eleito terá de pensar na agenda de reformas”.
Os impactos dos rumos da economia chinesa também preocupam o economista do Itaú: “A China tem a política da covid zero: se eles detectam um surto em determinada região fecham tudo nos arredores, até fábricas, portos. Isso pode afetar atividades em geral. Sem contar a crise energética na China”.
Mas há luz no fim do túnel. Segundo Fernando Machado Gonçalves o maciço engajamento da população brasileira na campanha de vacinação contra a covid-19 evitou uma terceira onda da doença no País, o que é bom para a retomada econômica.
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