São Paulo – Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, abriu na quinta-feira, 21, o quarto dia do Congresso AutoData Perspectivas 2022, mostrando que o setor acredita no crescimento mas que a jornada não será fácil, pois há grandes desafios a serem superados, principalmente a falta de componentes. A notícia boa é que o setor projeta um aumento de cerca de 10% do faturamento.
“Este ano devemos fechar com o faturamento de R$ 158 bilhões. Para 2022 esperamos fechar em R$ 174 bilhões. Neste ano tivemos uma curva acentuada de recuperação dos investimentos, até porque a queda foi grande. Mas na questão dos postos de trabalho a recuperação não se dará na mesma velocidade da atividade. Temos um aumento de 3,5% nos quadros de colaboradores. Em 2020 tivemos queda de 10,2%.”
Ioschpe listou os entraves que a indústria de autopeças deve enfrentar. O que mais o preocupa é a persistência dos desequilíbrios na cadeia de suprimento, em especial dos semicondutores: “Está muito difícil a produção em 2021. Para 2022 o cenário é mais interessante, não só pela demanda mas pela recuperação dos estoques e dessas vendas que estão deixando de ocorrer em 2021 pela falta de produtos. Por outro lado não está claro qual vai ser o cenário, principalmente dos semicondutores, em especial na primeira metade de 2022. Temos grandes pontos de interrogação”.
Outra preocupação apontada pelo presidente do Sindipeças é a crise energética: “Estamos vivendo um cenário de enorme inflação global e isso está mais aparente na questão da energia. Isso impacta Ásia, Brasil, Europa”.
Não menos importante a instabilidade institucional e o desequilíbrio fiscal – provocados pela desvalorização do real e pelo maior aumento da inflação no Brasil com relação ao resto do mundo – também deixam o setor em alerta: “Isso provoca uma desvalorização adicional do real, o que faz com que o Brasil se descole do resto do mundo”.
A crise econômica deve refletir na condição de compra do consumidor brasileiro em 2022, acredita Ioschpe: “Em algum momento o processo inflacionário e a alta dos juros afetarão o consumidor. Até agora nosso problema foi produzir e entregar. Em algum momento isso estará mais ameno em 2022. Aí a gente terá uma melhor leitura do ambiente de demanda”.
A crise de abastecimento causada pela pandemia da covid-19 fez Ioschpe levantar uma questão de estratégia global e que deve ser encarada como uma oportunidade pela indústria nacional: devemos depender tanto de fornecimento de mercados de outras regiões?
“Os semicondutores são um exemplo. Será que devemos colocar todas as fichas em uma única região? Estamos vendo que há ônus. Isso caminha para a competitividade. A oportunidade está dada.”
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