São Paulo – Passado o baque da mudança de motorização para o Euro 6, que elevou os preços dos caminhões e ônibus de 15% a 30% e contou com complicações adicionais trazidas pelo crédito escasso e pelos juros altos, combinação que derrubou a produção em até 40% e as vendas em até 20%, para o ano que vem os fabricantes de motores a diesel planejam crescimento de até 15%.
Foi o que afirmaram, em tom mais otimista, José Eduardo Luzzi, presidente da MWM, Adriano Rishi, presidente da Cummins, e Amauri Parizoto, diretor de vendas e mercado aberto da FPT Industrial, durante o Congresso AutoData Perspectivas 2024, realizado de 21 a 22 de novembro, no Espaço Fit Eventos, em São Paulo.
“Houve um represamento grande que acabou impactando a venda do caminhão 0 KM este ano”, disse Luzzi. “Em 2024, já sem o estoque de passagem, estimamos aumento da produção de caminhões em 15% e, de ônibus, em 10%.”
O executivo reforçou que o Caminho da Escola deverá continuar puxando o segmento de ônibus, principalmente porque 2024 é ano de eleições municipais e, portanto, as encomendas para o programa do governo federal deverão se concentrar no primeiro semestre.
Para máquinas agrícolas a perspectiva também é de retomada: as vendas do setor, que está andando de lado, estão mais vinculadas aos juros e ao acesso ao crédito.
Para Parizoto, o setor da construção deverá ser o que mais puxará as vendas de motores, que deverão crescer 10% em 2024, passada a estabilidade este ano. A expansão esperada para caminhões e ônibus é de 8% e em tratores 5%, depois de queda neste mesmo porcentual este ano.
“Acreditamos que haverá aumento de um e não de dois dígitos, como é aguardado para os veículos pesados, porque nem todo portfólio possui motor FPT. Nós participamos de alguns segmentos, em algumas aplicações. Vemos alguma montadora anunciar que expandirá o mercado de exportação mas nem sempre o motor FPT está adequado a essa aplicação. Talvez precisemos de mais um ano a um ano e meio para adequar esse produto.”
Por causa deste contexto o diretor da FPT afirmou que a companhia possui uma perspectiva mais pé no chão: “O Euro 6 para nós foi bem dolorido”.
Rishi contou que a Cummins driblou o impacto da crise deste ano por exportar 15% do volume de produtos acabados para México, Estados Unidos e Canadá, o que ajudou a compensar a queda abrupta de mercado. A empresa já exportava componentes e passou a embarcar motores.
Para 2024 a perspectiva é de incremento de 15%: “Mas é preciso lembrar que, como tivemos queda muito grande, a base é debilitada. Fica fácil crescer depois desse tombo, mas ainda não voltamos para a base de 2022”.
O presidente da Cummins destacou que até o fim da década enxerga mudanças na plataforma de motores a combustão e que o foco da companhia está dedicado à plataforma de motores agnósticos, em que será possível trabalhar com diferentes tipos de combustíveis, passando por diesel, gasolina, etanol, gás natural e biometano.
Luzzi, da MWM, fez coro, ao reforçar que todos os fabricantes de motores trabalham com diversos combustíveis alternativos ao diesel, inclusos biometano, hidrogênio, gás natural e biodiesel, que permitem que o motor com estrutura e confiabilidade do diesel possa promover descarbonização a partir do uso do combustível alternativo.