São Paulo – A Volkswagen já exportou 47 mil veículos este ano, aumento de 36% na comparação com o resultado acumulado do mesmo período no ano passado, 34 mil. Enquanto trilha trajetória de recuperação neste tipo de venda — encerrou 2023 com queda de 29,2% e 63 mil unidades — a empresa segue na contramão do mercado: dados da Anfavea mostram que os 204,4 mil veículos exportados pela indústria brasileira estão 21,7% aquém em igual período anterior.
Os números foram apresentados por Reginaldo Barossi, gerente de planejamento de vendas da Volkswagen para a América do Sul, durante o 6º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana, realizado por AutoData de 19 a 23 de agosto.
De acordo com Barossi a reação deve-se, primeiramente, ao fato de a Volkswagen ter apostado na Argentina diante das persistentes dificuldades econômicas e maiores restrições às importações: “Continuamos acreditando na Argentina, não freamos bruscamente as exportações para lá mesmo sabendo dos riscos, e tivemos crescimento em outros mercados latinos também, como o México”.
A Volkswagen exporta para vinte países na América Latina e América Central.
O desempenho descolado das exportações brasileiras deveu-se também ao fato de a montadora ter lançado o novo T-Cross no Uruguai e, desde o fim do ano passado, introduzido o Polo em alguns mercados da América Latina. Não à toa o modelo foi o mais exportado pela Volkswagen até julho, seguido por Saveiro, T-Cross, Nivus e Virtus, respectivamente. Os países que mais compraram veículos Volkswagen no acumulado do ano foram Argentina, México, Colômbia, Chile e Uruguai.
O mercado sul-americano foi o segundo que mais cresceu nas vendas globais nos primeiros sete meses de 2024, o que, conforme o executivo, faz com que as Volkswagen da região tenham autonomia para desenvolver produtos e expandir exportações para outros mercados. No mês passado o Brasil respondeu pelo segundo maior volume de vendas, atrás apenas da China.
O plano agora, de acordo com Barossi, é voltar a explorar países da África e do Oriente Médio, especialmente a nova geração do T-Cross, modelo que já foi exportado anteriormente, até 2023, para Angola, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Madagascar, Ruanda, Senegal, Sudão e Líbia.
Quanto à América Latina segue sinal de alerta, apesar do crescimento dos negócios: de janeiro a julho 60,4% dos veículos vendidos na região são de origem asiática, enquanto que apenas 18,5% são do Mercosul. No mesmo período do ano passado estes porcentuais foram, respectivamente, de 56% e 22,5%: “Temos bons produtos mas precisamos ter mais competitividade nos preços para concorrer com os produtos asiáticos, principalmente os chineses”.
Apesar do desafio o potencial é de 1,5 milhão de carros para América Latina e América Central, excluído o México, sendo 425 mil na Argentina, 314 mil no Chile e 122 mil no Equador, citou o gerente da Volkswagen.
“Queremos continuar aumentando as exportações, então trazemos pessoas que estão nos mercados para o nosso centro de desenvolvimento para ouvir o que o cliente do Paraguai, do Chile e da Guatemala, por exemplo, estão desejando, a fim de adequar os produtos para atender a todos estes mercados.”